domingo, 30 de maio de 2010

[NOTÍCIA] Crocodilos da Mauritânia adaptam-se a climas extremos

Investigadores portugueses estão a monitorizar populações que se julgavam extintas

  Quando saem da água são mortos. Dentro dos lagos e gueltas, os crocodilos são protegidos pela população da Mauritânia. Um crocodilo fora de água é sinónimo de seca, o medo que atormenta os homens dependentes do gado e das colheitas.
  Há quatro mil anos atrás, a seca causou uma grande alteração na paisagem: a vegetação escasseou, os lagos desapareceram e o verde deu lugar ao castanho do solo árido. Os crocodilos perderam os habitats e com a seca da década de 1970, os investigadores acreditavam que restavam apenas três populações de crocodilos no norte do continente africano − no Chade, no Egipto e em Marrocos.
  Uma equipa de investigadores do Centro Interdisciplinar em Biodiversidade e Recursos Genéticos (CIBIO) fez-se à estrada. Cruzaram o Estreito de Gibraltar e atravessaram o Sahara Ocidental para descobrir populações de crocodilos num país que mescla o deserto com o Atlântico.
  José Carlos Brito, investigador do CIBIO, explica que, em 2003, uma equipa multidisciplinar “encontrou crocodilos em 25 localidades em dois tipos de habitats distintos”. Entre pequenos e grandes exemplares descobertos, o cientista afirma: “Encontrámos muitos mais crocodilos do que estávamos à espera”.
  Em expedição, descobriu-se ainda que, apesar de haver populações completamente isoladas, existia migração.
  Mais surpreendente: “no guelta El Khedia, existe um crocodilo a viver isolado desde os anos 70”, explica o investigador responsável pelo estudo.
  “Na actualidade existem crocodilos em 78 locais e em dez bacias hidrográficas”, afirma José Carlos Brito, que desde 2002 faz expedições à Mauritânia para seguir as pegadas dos répteis e anfíbios desse país. O biólogo explica ainda que 53 por cento das populações encontradas têm menos de cinco indivíduos.

  Futuro árido
  Apesar do resultado da investigação ser optimista, tanto para a biodiversidade como para o bem-estar das gentes da Mauritânia, o futuro não se avizinha fácil. O clima será mais quente e mais seco e, com a diminuição das áreas adequadas, os crocodilos enfrentam por mais um desafio: adaptarem-se a meios áridos.
  José Carlos Brito, questionado sobre a possibilidade de preservação, durante o ciclo de Conferencias da Biodiversidade, organizado pelo Ciência Hoje, que decorreu sábado passado no Palácio Sotto Maior na Figueira da Foz, explica que será necessário “monitorizar as tendências demográficas e genéticas das populações totalmente isoladas e classificar as montanhas como áreas protegidas”.
  Sensibilizar a população é também um desafio que está a ser aceite, tanto pelas ONG como pelo Ministério do Ambiente da Mauritânia, que prepara uma exposição no sentido de mostrar que os crocodilos são mais do que um código de precipitação.”

Fonte: http://www.cienciahoje.pt/index.php?oid=42823&op=all#cont

  Reflexão:
  Apesar da mudança de climas alguns animais conseguem adaptar-se e por isso sobreviverem, é o que esta notícia nos relata.
  Como nos é dito os crocodilos da Mauritânia são protegidos pela população local, quando isto acontece é bastante benéfico para a espécie. Se o Homem tiver consciência dos seus actos, ser responsável e, além disso, não ter comportamentos de risco para a preservação dos seres vivos, estes podem estar descansados, ter-se-ão de preocupar com outras questões. Neste caso, crê-se que num futuro bem próximo terão de preocupar com o clima (irá tornar-se árido, clima este, não favorável a estes animais).

Por: Ana Pires

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