“Geneticamente, somos muito parecidos com os chimpanzés. Mas há pelo menos uma coisa que nos distingue radicalmente desses nossos “primos”: nós falamos e eles não. Como é que essa profunda transformação surgiu ao longo da evolução?
Os efeitos distintos de um gene nos macacos e nos humanos pode explicar a razão de nós falarmos e eles não.
Pouco se sabe ainda sobre os mecanismos biológicos da emergência da fala. Mas resultados publicados na edição de amanhã da revista Nature por Dan Geschwind, da Universidade da Califórnia, e colegas, sugerem que ela se deverá, em parte, à evolução de um único gene. Mais precisamente: o desenvolvimento da capacidade de falar nos seres humanos modernos, concluem os cientistas, terá começado com umas alterações num gene chamado FOXP2, surgidas depois de o nosso ramo evolutivo se ter separado do dos outros primatas.
Essas alterações no FOXP2, por sua vez, provocaram duas mudanças na proteína fabricada pelo gene, que terão desencadeado uma série de acontecimentos celulares no cérebro humano e levado ao desenvolvimento da fala. “O nosso estudo é o primeiro a analisar o efeito nas células humanas destas [alterações] na proteína FOXP2” diz Geschwind num comunicado.
Já se sabia que o FOXP2 estava envolvido nas capacidades linguísticas, porque no ser humano as mutações neste gene provocam perturbações da fala e da linguagem
(…).
“Graças à identificação dos genes influenciados pelo FOXP2”, diz Genevieve Konopka, co-autora, “temos um novo conjunto de ferramentas para estudar como a linguagem humana é regulada ao nível molecular.” O que poderá permitir, segundo o mesmo documento, perceber as perturbações da fala associadas ao autismo ou a esquizofrenia – e talvez, um dia, encontrar formas de as atenuar.”
Origem: Manuel Robert, Jornal Público, 11 de Novembro de 2009
, http://www.publico.clix.pt/Ci%c3%aancias/a-origem-da-nossa-capacidade-de-falar-podera-residir-num-unico-gene_1409416
Reflexão:
Já nos tínhamos apercebido da importância dos genes para a identidade de um ser vivo, porém quando temos notícias deste género é muito satisfatório para quem estuda estes assuntos, já que podemos ver no quotidiano implicações sobre o assunto estudado (neste caso os genes, genética).
Neste caso podemos ver a influência que um gene provoca num ser vivo, um gene vai possibilitar a capacidade de fala aos humanos e a ausência desse gene vai impossibilitar a capacidade de fala aos chimpanzés. Enquanto que o gene FOXP2 (gene ligado às capacidades linguísticas) está activo nos seres humanos e desempenha as suas funções (em geral), nos chimpanzés esse mesmo gene não está activo (não sofreu a evolução que o gene teve nos humanos).
Os testes que foram feitos poderão confirmar que os seres humanos nascem com os circuitos cerebrais necessários e os chimpanzés não, fruto da evolução dos primatas e que envolveu o gene FOXP.
Graças a este avanço na ciência, poderá dar-se grandes avanços em doenças como o autismo e a esquizofrenia, já que se conhece umas das fontes do problema (gente FOXP2).
Por: Ana Pires
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